segunda-feira, 26 de julho de 2010

Entrevista: Luís Alberto fala da nova padronização nacional dos katas

Uchida e Luís Alberto: Multiplicadores do kata no Brasil
O Judô brasileiro não é reconhecido no mundo do esporte apenas pelas medalhas olímpicas e mundiais conquistadas pelos atletas da seleção. Luís Alberto dos Santos e Rioiti Uchida são referências em qualquer debate onde o tema seja katas.
Campeões mundiais, panamericanos e sulamericanos em katas diversos e por inúmeras vezes, a dupla já ajudou na formação de um incontável número de faixas pretas e dans superiores. O resultado de tanta dedicação foi o reconhecimento por parte da CBJ em criar um departamento para tratar exclusivamente da padronização dos katas no Brasil.
Em entrevista para Fred Guerra, Luís Alberto esclareceu alguns pontos do projeto:
FG: Qual a importância de uma padronização nacional de execução dos katas?
LA: O mais importante é suprir a carência das federações. Infelizmente a maioria das federações não realiza exames de altas graduações por não terem professores para ensinar o kata exigido para o exame. Também não existe um modelo único que todas as federações seguem. Ao longo de dez anos competindo internacionalmente, adquirimos muita experiência e vimos muita coisa interessante. Toda essa bagagem não pode ficar só comigo e com o sensei Uchida, temos o compromisso de compartilhar com toda a comunidade judoística. Esclarecer e demonstrar como cada kata deve ser executado, será o método usado durante os cursos.
FG: Qual a importância de uma competição exclusivamente de katas, e não inserida em outras competições?
LA: Um campeonato nacional exclusivamente de kata, sem dúvida alguma, tem um prestígio muito maior. Todos os participantes vão se preparar somente para o kata, sem outras preocupações como, por exemplo, o horário da pesagem e o sorteio das chaves do shiai.
FG: O torneio nacional poderá ser seletiva para o mundial de katas?
LA: O campeonato nacional vai ranquear todas as duplas participantes em cada kata. A partir deste ranqueamento, a ideia é proporcionar treinamento e viabilizar participações em competições internacionais. Novas duplas devem adquirir experiência para representar o Brasil em bom nível e com reais chances de classificação.
FG: Alguns judocas esquecem que o treino de katas é parte do treino de Judô. O senhor acha que estas novas medidas podem contribuir com o nível técnico competitivo dos nossos atletas?
LA: Como já dizia o grande mestre Jigoro Kano, o Judô é praticado de três maneiras: Kata, Randori e Shiai. Toda escola clássica de Judô tem o kata em algum momento do treinamento. As regras do shiai estão sofrendo mudanças radicais com o objetivo de resgatar o Judô técnico e plástico. Através da prática do kata isso será possível.
FG: A partir de que faixa o senhor considera aconselhável os primeiros contatos com o estudo dos katas?
LA: Vou falar por experiência própria. Quando eu era faixa amarela, tive os primeiros contatos com o Nage no Kata, meu professor ensinava até o Uchimata. Acho importante ter um bom método pedagógico, saber avaliar em qual nível a informação deve ser passada e como realizar os treinamentos.
FG: A intenção é uma primeira competição nacional nestes moldes já em 2011. O que muda na vida prática de judocas e federações no tocante à preparação para exames e competições?
LA: Vamos iniciar os encontros na própria sede da CBJ, depois ficaremos à disposição das federações. Toda federação interessada em ter um curso (Nage no Kata, Katame no Kata, Ju no Kata, Kime no Kata, Kodokan Goshinjutsu, Koshiki no Kata e Itsutsu no Kata), vai solicitar e agendar, assim estaremos mais próximos das necessidades e da realidade de cada região. Estou bastante empolgado com essa minha nova atuação, depois de uma década treinando, estudando, pesquisando e competindo kata chegou a hora de ir para os bastidores.
(Por Fred Guerra)

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