sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carta de um judoca máster

Caros colegas,

Antes de tudo gostaria de dizer que foi um prazer lutar ao lado de vocês mais uma vez. Não só lutar, mas viajar, comer, dormir, sofrer, rir, enfim, compartilhar.

E tudo isso deve-se a alguém, que em sua grandeza de pensamento, decidiu apostar no Judô Máster. Quem nunca acompanhou uma competição Máster de Judô, nem imagina o quão dura e competitva ela é. Não nego que eu também tinha certo preconceito... Hoje, ainda competindo no sênior, considero alguns dos torneios masters que participei, mais fortes que grandes torneios sêniors em que já tomei parte.

Mas o recentemente entitulado “Judô de Veteranos” tem vários “algo mais”; é, por exemplo, um grande encontro de atletas renomados, vários deles que tiveram seu momento olímpico e outros quase anônimos, mas que prestam um grande serviço à comunidade lecionando para crianças em algum lugar do planeta. Ninguém é tão espelho para a geração seguinte do que um atleta máster. Isso porque, diferente do medalhista famoso, ele é de carne e osso. E está bem ali, ensinando golpes básicos, ajudando no alongamento e contando histórias de competições épicas em que foi ator principal. Enquanto isso seus alunos viajam na imaginação, se orgulham, e aprendem que o herói pode estar mais perto do que jamais poderiam pensar.

Sinto-me inspirado ao ver Atletas (assim mesmo, com “A” maiúsculo), de 70, 80 anos, que passaram o ano treinando, a semana controlando o peso e, assim como os mais jovens, ficaram ansiosos e tensos, mas se superaram e entraram no tatame como qualquer outro competidor.

Mas o Judô Máster tem um outro lado. Um lado técnico, forte e competitivo. Afinal, atletas de 30, 35, 40 anos ainda fazem parte de grandes times e seleções ao redor do mundo. E no Brasil também. O Circuito Máster é hoje completo, com competições que vão do Estadual ao Mundial. Passamos todo o ano competindo, buscando patrocínio, lutando contra lesões, perdendo e ganhando. E quando ganhamos, também fazemos tocar o Hino Nacional... Ah, nada como fazer tocar o Hino Nacional... E aí, tenha oito anos ou 80, todos fazemos o mesmo: choramos. Isso porque não representamos menos o Brasil do que qualquer outro atleta. E o Hino é o objetivo comum a todos nós.

Neste Mundial Máster de Judô de 2009, as Seleções Brasileiras Feminina e Masculina conseguiram esta proeza. E muitos de nossos valores individuais também... Nenhum menos brasileiro do que nossos grandes judocas olímpicos, também fontes de inspiração.

O Judô realizou, e realizará ainda por vários anos, muitos de meus sonhos. E espero muito em breve ver mais um realizado: o reconhecimento por parte da CBJ das nossas competições, nos credenciando inclusive ao Bolsa-Atleta. Nada mais justo, pois também precisamos de equipamentos, pagamos nossas inscrições, viagens, tratamentos. Mas com um diferencial: somos a prova de que o esporte é saudável e longevo, passando a ser espelho e modelo para os que vem em seguida.

E no final, o suor, o sangue, a torcida, as lágrimas, o Hino e a bandeira, não têm idade, e sim cor: “Verde e Amarelo”.

Um grande abraço

Fred Guerra

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